Dia dos pais: a responsabilidade dos homens na reprodução


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O dia dos pais, em geral, é comemorado com festas e presentes na maioria dos lares. Contudo, existe uma parcela grande das famílias em que os pais estão ausentes e não participam da criação e educação dos filhos. Pai irresponsável e ausente é um dos elementos que ajudam a explicar diversos problemas enfrentados pela juventude.

O senador e candidato à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama discursou no dia 15 de junho, quando se comemora o dia dos pais nos EUA, no púlpito da igreja Apostolic Church of God, no lado sul de Chicago. Estavam com Obama, sua mulher Michelle e suas filhas Malia e Sasha. O senador falou sobre um dos mais difíceis problemas sociais do país, em especial da comunidade negra nos EUA: a questão dos pais ausentes (fatherlessness), pois as estatísticas mostram que mais da metade das crianças negras vive num domicílio com apenas um dos pais, em geral a mãe, que criou os filhos sozinha ou passou a sustentar a casa depois de ser abandonada pelo marido. Segundo Obama:
 
“Temos histórias demais de crianças que crescem longe de seus pais. Eles abandonam as suas responsabilidades, agem como garotos ao invés de agirem como homens, e as bases da família nas comunidades negras são mais frágeis em consequência desta irresponsabilidade. É hora dos homens negros assumirem a sua paternidade, responsabilizarem-se pela educação e pela nutrição de seus filhos. Eu sei como é difícil ensinar uma criança a se comportar e a comer direito. Mas esta é também uma das grandes alegrias da vida em família”
 
As afirmações de Obama tocam em questões que dizem respeito à sociedade americana e de outras partes do mundo, mas também diz respeito à sua própria experiência, pois ele foi criado por uma mãe solteira, branca e pelos avós, depois que o pai queniano, negro, foi embora quando Obama tinha dois anos.
 
As declarações de Obama foram criticadas por muitos, inclusive do líder do movimento pelos direitos civis Jesse Jackson, que afirmou que Obama "fala aos negros como se fosse superior". Contudo, o senador não se intimidou com as criticas e em discurso, em 14/07/2008, à Associação Nacional para o Avanço das Pessoas Negras (NAACP, em inglês) uma das maiores associações de direitos civis dos EUA, disse que é papel do governo dar melhor educação e assistência econômica, mas que os negros precisam exigir mais de si mesmos e precisam mostrar maior responsabilidade por suas ações. O discurso sobre responsabilidade, na NAACP, foi aplaudido de pé.
 
O discurso de Obama agradou determinados setores do eleitorado americano que consideram as “famílias quebradas” responsáveis por muitos dos problemas que ocorrem com a juventude americana, como violência, drogas, gravidez na adolescência, atraso educacional e evazão escolar, etc. Mas os setores do chamado campo do fundamentalismo religioso e do conservadorismo moral criticaram o “liberalismo” de Obama e o fato de ele não ter defendido a virgindade antes do casamento e a fidelidade conjugal, além de não ter atacado as separações e divórcios e as mulheres que têm filhos fora do casamento.
Ou seja, os setores de esquerda da sociedade americana acusaram Obama de fazer concessões ao familismo (uma forma de estrutura social em que as necessidades da família como um grupo são mais importantes do que as necessidades individuais de qualquer membro da família), enquanto a direita acusou Obama de não defender integralmente a “moral familiar”.
 
Esta é uma discussão que ainda está aberta e, certamente, vai ser motivo de muito debate durante e depois da campanha presidencial dos EUA.
 
No Brasil este debate também é necessário. Até pouco tempo atrás os homens não consideravam ter quaisquer responsabilidades na questão da reprodução e da regulação da fecundidade. Evitar filhos e se proteger nas relações sexuais era considerado uma tarefa exclusivamente feminina. Isto já começou a mudar e os homens não só aceitam mais o uso de preservativos, como tem crescido o número daqueles que fazem vasectomia e não repetem a ideologia de que ter muitos filhos é sinal de virilidade.
 
Mas ainda é grande o número de homens que não assumem o seus filhos ou os abandonam ao cuidado das mães ou à própria sorte. É claro que país insatisfeitos e que não se suportam não são exemplos para os filhos. Não faz sentido manter unida uma família que não se suporta e vive em brigas e desentendimentos. Existem famílias reconstituídas ou famílias mosaicos que são mais felizes e prósperas que as famílias nucleares tradicionais. Existem famílias em que os pais vivem separados, mas nem por isto abandonam os filhos e deixam de cuidar do bem comum.
 
O importante é que exista equidade de gênero e geração dentro das famílias em todas as suas formas e diversidades. Mas no dia dos pais não custa nada lembrar que, para os que optam por ter filhos, ser pai é assumir a responsabilidade da reprodução e participar do presente e do futuro de suas crianças.
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José Eustáquio Diniz Alves