Impromptu: Por que hoje é sábado, ou Duas Homenagens


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Interlúdio estético em dias à clarineta e à espera de novo fôlego literário

Por que hoje é sábado, estou demasiado enojado para escrever Políticos Demais III: para o fim da propaganda eleitoral. E por falar nisso, viram as últimas da turma do Fica Sarney ? Os apelos pela “governabilidade” ? A Dilma pedindo para não demonizá-lo ? Ou ainda o tal “denuncismo” – o (nem tão) novo arroubo poético presidencial (no fundo, todos almejam à ABL) – um achado ecumênico que pode ser invocado tanto por Lula no rescaldo a Sarney como por Yeda em favor de seu imaculado mandato. E o editorial da última Veja: um basta indignado a clamar providências por parte, pasmem, dos próprios políticos ?

 

Por que hoje é sábado, ainda ando nauseado com a ressaca midiática de Michael Jackson. No entanto, como deixar de pontuar a espetacularização apoteótica de suas exéquias ? Ontem, ao ver a coletiva de imprensa sobre os preparativos, tinha só uma dúvida – a saber, a de quem estaria por trás daquilo tudo: familiares ? empresários ? credores ? – e uma certeza: a confirmação triunfal de que não apenas sua imagem, mas também seu corpo, há muito já não lhe pertenciam.

Então, por que hoje é sábado, simplesmente homenageio, ao parafraseá-lo, o amigo e escritor Milton Ribeiro – que consegue manter acesa a chama criativa mesmo em meio à ensandecida perseguição que lhe movem por pura inveja e, concomitantemente, à dor de ver morrer na praia seu amado Internacional (parcialmente mitigada, é verdade, pela igual sorte do arquirival Grêmio 24 horas depois) – recomendando uma modesta seleção de discos imprescindíveis de jazz generosamente disponibilizados no PQP Bach. Em tempo, ressalvo que a relação abaixo não pretende ser uma antologia abrangente nem tampouco definitiva, resultando, outrossim, não mais do que de um levantamento empreendido para resgatar, entre os tantos tesouros escondidos (*) no mui valoroso blog, antigas e queridas peças extraviadas de minha discoteca que podem, inclusive, se constituir em excelente trilha sonora para a, por assim dizer, leitura de por que hoje é sábado. Aos links, pois.

Oliver Nelson & Eric Dolphi: Straight Ahead

Bill Evans Trio: Explorations

Miles Davis: Kind of Blue

Miles Davis: In a Silent Way

V.S.O.P.

John Coltrane: Blue Train

John Coltrane: My Favorite Things

Charles Mingus: Ah Um

Joni Mitchell: Mingus

Jack de Johnette: Special Edition

* Alô Blue Dog: que tal editar teus preciosos interlúdios mais antigos incluindo os nomes dos álbuns nos títulos das respectivas postagens; ou, ainda, distribuí-los em categorias por intérpretes principais, ao invés de simplesmente sob jazz ? O respeitável manancial de discos de jazz já existentes no PQP, reconhecido como de utilidade pública entre estudantes e amantes de música, bem que mereceria.

* * *

Invejo os escritores assíduos. Principalmente em semanas como esta, nas quais permaneço imerso na prática de meu instrumento – afinal, a introdução à Rhapsody in Blue é sempre como na primeira vez: livre, desafiadora e irreproduzível. Vindo, então, aqui tão somente para bisbilhotar, fui surpreendido por Astrid a observar que já era hora de eu publicar um novo texto, me remetendo, de pronto, a duas siutações anteriores:

a primeira, anedótica e ancestral, diz respeito a Richard Wagner – ou seria Strauss ? – que, quando flagrado num laivo de ócio criativo, ouvia invariavelmente da consorte o mote “Vá compor, Richard”;

a segunda, filosófica e autobiográfica, foi quando, escrevendo, numa preguiçosa tarde dominical, Easy Leticia, ouço de Astrid a desconcertante pergunta “Tem certeza de que tudo isto é útil ?” – à qual replico sem hesitar: “E o que é útil ?”

É, pois, devido ao duplo impacto da insônia e da mudança de expectativa implícita na troca do paradigma “Qual a utilidade da escrita ?” pelo “Vá escrever, Augusto” que hora exorcizo, noutra crônica breve, os diabos a me tirar o sono – ou teriam sido os morangos com nata ?

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Augusto Maurer