Share Sobre capas de discos By Marcos Schmidt / Cheguei a comprar alguns álbuns – discos de vinil, na época – por causa da capa. Quando se é moleque, o impacto de uma ilustração afinada com o sonhado espírito de ser um “adulto” é avassalador. Ficava babando nas lojas de disco por causa de um álbum como Piece of mind, do Iron Maiden, em […]
Share Lovecraft (III) By Marcos Schmidt / Talvez haja uma lição política em Lovecraft, uma lição que mistura psicologia e política. Grupos hegemônicos fazem uso daqueles que consideram indignos e inferiores para executar o serviço sujo que garante que esses mesmos grupos hegemônicos permaneçam com sua mitologia de pureza e limpeza. Conhecemos isso no Brasil: quando os militares da ditadura fizeram uso […]
Share Lovecraft! (II) By Marcos Schmidt / Pensava-se que H. P. Lovecraft fora uma espécie de ermitão, que vivia isolado e que, com uma única exceção, jamais saíra de Providence, sua cidade natal. Hoje, sabemos que isso passa longe dos fatos: Lovecraft viajou muito, por todo o país, e quase foi à Cuba em certa ocasião, abortando a viagem pela necessidade de […]
Share Lovecraft! (I) By Marcos Schmidt / Conheci H. P. Lovecraft quando tinha 15 anos, em 1986. Lembro que um amigo comprou o livro publicado pela Martins Fontes, A Casa das Bruxas, e eu tirava sarro da cara dele por causa da capa e do nome ridículos que o livro que ele comprara ostentava. Passou um tempo e li um artigo no […]
Share O inquietante e a cinza By Marcos Schmidt / Das Unheimliche. O inquietante de Freud. Conceito que abarca uma coisa e seu contrário. Como o cinza. Como a cinza. Que é o resto que se eleva, que se move pelo ar, e que torna a cair e a elevar-se, se deixada de acordo com os ritmos da natureza. Francis Bacon usava a poeira que […]
Share Juventude é uma banda numa propaganda de refrigerante By Marcos Schmidt / Quando dos 30 anos da morte de Adoniran Barbosa, o comentário de um nome hypado da nossa música me chamou a atenção. O rapper, porque era um rapper o nome hypado da nossa música, disse que o que mais apreciava em Adoniran era o fato de que ele era “um ícone pop radical”. Encafifado, imaginei […]
Share Queremos guerra! By Marcos Schmidt / Estamos procurando por uma guerra. Uma guerra civil aberta, deflagrada, que não a tivemos. Ansiamos por ela, é um desejo latente, inconfesso, obsceno. Queremos a guerra que nunca tivemos, queremos acertar as contas uns com os outros, queremos apagar o vizinho diferente, esquisito, o vizinho que nos incomoda. Exterminá-lo. Queremos a guerra civil, isto é […]
Share Tempus edax rerum By Marcos Schmidt / Um tataraneto, ou algo assim, de Richard Wagner decidiu escrever um livro para limpar o nome do compositor. Não funcionou. O livro ele escreveu, limpar o nome do parente é que foi impossível. Wagner era anti-semita e, de acordo com alguns contemporâneos, acima de tudo um mau-caráter. Já sua música, é outra história. Devemos analisá-la […]
Share Da pedra à nuvem By Marcos Schmidt / O que sabemos da arte rupestre, da arte do paleolítico? Quase nada. Podemos, e tentamos, inferir alguma coisa cruzando arqueologia, antropologia, paleontologia, psicologia, sociologia, teoria da arte, história, intuição, e o que mais dispusermos, e, no entanto, jamais sairemos do campo das especulações. Temos os desenhos nas paredes, as estatuetas, os artefatos e silêncio. Não […]
Share Um tema e duas abordagens By Marcos Schmidt / O tema é o mesmo: Saturno devorando um de seus filhos. Mas o tratamento dispensado por Rubens e Goya é totalmente distinto, e talvez revele algo da personalidade de cada um. Grosseiramente: temendo que um deles acabe por tomar o seu lugar, o que de fato ocorre, Saturno, ou Cronos, põe-se a comer cada um […]