Sylvia – like a frog in autumn


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Ser mulher, poeta e maldita é definitivamente uma maldição em si. Principalmente se falamos dos anos 40 e 50 entre Estados Unidos e Londres. Conta a lenda que Sylvia Plath (1931-1963) escreveu seu primeiro poema aos oito anos de idade, mesma época da morte de seu pai. Antes dos dezessete anos, já sofria as primeiras crises e buscava a morte pela primeira vez.

Prêmio Pulitzer póstumo, sua vida foi feita de poesia, tentativas de suicídio, filhos e Ted Hughes. Pouca coisa para uma poeta hoje tão reconhecida. Inclusive o velho glamour que existe na romanticidade do suicídio e das crises psiquiátricas foi recentemente dismitificado quando, através de suas memórias, verificou-se que Sylvia Plath sofria de distúrbio bipolar.

Isso me faz pensar no quanto a ciência e mesmo a aceitação de comportamentos que temos hoje, ao menos em tese, nos tira da mitificação de alguns escritores. Atualmente, o homossexualismo de Wilde não lhe faria perder a genialidade poética, mas sacaria a polêmica, essencial para constituir um poeta maldito; Poe talvez fosse apenas um bêbado genial e Baudelaire não chamaria a atenção por pintar os cabelos de verde.
Porque a maldição se faz assim, de comportamentos inusitados em sociedades absolutamente conservadoras. Acho que continuamos tão conservadores quanto antes. Em alguns aspectos, mais, pois dadas as possibilidades que temos de evoluir – ao entender que amar a pessoas do mesmo sexo não é pecado nem doença, que crises psicóticas podem ser tratadas e não são mensagens dirigidas a enviados divinos, que o uso de drogas é também um comportamento social, etc, etc, etc. Só que agora isso faz parte do cotidiano daquele que substituiu o mito: a celebridade, esse arremedo de mito.
Sylvia Plath não foi uma revolucionária, não viveu escândalos sexuais, amava os filhos e o marido (numa roda-viva de amor e frustração, mas sempre de cumplicidade). Mas, seguindo a denominação de Verlaine – criador da expressão poeta maldito – seguiu à risca a marginalização social, primeiro pela doença, depois pela miséria e abandono e, por fim, com o suicídio, num romântico apartamento londrino, no inverno de 63.

O poeta maldito é o sofrimento encarnado em poesia. Dizia Sylvia: O não ser perfeita, me fere. Esse verso, para mim, reflete a busca eterna do verdadeiro poeta, preso no charco vendo o outono chegar. De Sylvia, Frog autumn:

Summer grows old, cold-blooded mother.

The insects are scant, skinny.

In these palustral homes we only

Croak and wither.

Mornings dissipate in somnolence.

The sun brightens tardily

Among the pithless reeds. Flies fail us.

he fen sickens.

Frost drops even the spider. Clearly

The genius of plenitude

Houses himself elsewhere. Our folk thin

Lamentably.

About the author

Rosane Cardoso: 200 anos de Poe